quinta-feira, 1 de agosto de 2013

LIVRO: UMA LEVE SIMETRIA, DE RAFAEL BÁN JACOBSEN




Em 2009, quando eu ainda morava em Porto Alegre, foi lançado um livro de um jovem escritor local, Uma Leve Simetria. O autor era Rafael Bán Jacobsen, meu conterrâneo, nascido em 1981, como eu, físico, professor, pianista e escritor. Um verdadeiro prodígio.

Ao ler a primeira crítica, quando de seu lançamento, tive um interesse imediato na leitura. Na contra-capa, um comentário do saudoso Moacyr Scliar e a história, qualquer coisa de muito interessante. Era sobre o amor de dois adolescentes judeus, Daniel e Pedro, em paralelo a outro amor dos tempos bíblicos, o de Davi e Jonatã. Logo de cara senti que não era simplesmente mais um romance da chamada "literatura gay" (isso existe?). Tinha algo de muito mais profundo ali e eu precisava mergulhar o mais rápido possível.

Estranhamente, logo após o lançamento da obra, não ouvi falar mais  nada sobre ela. O Rio Grande do Sul é um celeiro de grandes escritores, e os gaúchos mais do ninguém, divulgam maciçamente seus artistas locais. Não foi o caso de Uma Leve Simetria, que pareceu ter passado batido pelas livrarias e pelos leitores. O que me fez até pensar que o livro não merecesse mesmo grandes atenções, apenas mais um lançado, dentre tantos por aí, que não dizem nada.

Acontece que o livro não saiu da minha cabeça. A capa era tão linda e ainda falava de uma história bíblica tão intrigante e controversa, de um amor que não ousa dizer seu nome nas páginas do livro sagrado. O tempo passou. Mudei-me pra São Paulo, voltei pro RS e retornei à São Paulo. Em janeiro último, exatos quatro anos depois de ter sido lançado, comprei Uma Leve Simetria, que por motivos de ter mil coisas da faculdade pra ler e mais um livro de 400 páginas que comprei junto com ele, porque era o livro do momento, consegui concluir sua leitura à poucas semanas.

E quero coroar o término dessa belíssima obra deixando registrado aqui, pra que todos tenham acesso à essa preciosidade da nossa literatura.

O romance de Rafael Bán Jacobsen, trata com toda a delicadeza do mundo um assunto espinhoso e desconfortante, o amor entre dois rapazes dentro de uma comunidade judaica. O solitário Daniel, órfão de pai e mãe, de apenas 15 anos é o narrador de uma história sensível, cujo centro dramático é seu amor por Pedro. Um amor que nasce à sombra da sinagoga e alcança momentos sublimes, sem jamais resvalar nesse terreno perigoso, onde a caricatura e o maniqueísmo são ameaças constantes.

Seguro de seu ofício e demonstrando um domínio absoluto da linguagem - imagens poéticas, cuidado com as frases e acurado desvelo com a palavra - Rafael narra os desencontros, as dificuldades, mas, sobretudo, a paixão entre os dois jovens.

Um história linda e emocionante! 

Eu realmente não perdi por esperar!  


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