domingo, 11 de fevereiro de 2024

Voltando a Escrever


Por onde eu começo? Me disseram pra não esperar inspiração. Quem quer escrever senta, abre o Word, encara a tela branca e começa. Sento, abro o Word, encaro a tela branca, observo o cursor piscando por alguns segundos, um ou dois minutos talvez, quem sabe cinco, e finalmente começo, ou melhor, recomeço.

Ainda não sei ao certo sobre o que quero escrever nesse texto, mas precisava começar de algum ponto. Meu reencontro com a escrita é uma das minhas maiores metas em 2024, contar sobre isso pode ser um bom começo.


Eu amo escrever desde que me entendo por gente. Aos nove anos, a paixão pelas novelas despertou em mim um desejo insólito: escrever novelas. Brinquei de criar histórias que seriam exibidas na tela da Globo às seis, às sete ou às oito da noite, por anos a fio, acalentando um sonho que seria o meu maior erro e a minha maior bênção - um dia explico isso melhor.


E foi assim, brincando, imaginando e fantasiando, em uma era pré-internet, enchendo cadernos e mais cadernos com as histórias que saíam de mim, que virei um adolescente tentando descobrir de que jeito conseguiria ganhar dinheiro escrevendo e efetivamente transformar a escrita em uma profissão. Como ganhar dinheiro vendendo livros, já que ser autor de novelas era um sonho quase inalcançável? A literatura parecia muito mais acessível que a TV, ainda assim não era fácil, e não existia em mim nenhum outro tipo de vocação. 


Os anos passaram, escolhi uma profissão qualquer, me formei e segui sonhando com a escrita. Abandonei as páginas dos cadernos e diários e mergulhei nas páginas virtuais, quando blogues se tornaram uma febre pra quem tinha qualquer pingo de pretensão em ser lido. O primeiro veio em janeiro de 2008: Borboletas na Janela. Paralelamente, criei um segundo blog para registrar meus 30 anos de vida, em um projeto que duraria 365 dias, onde eu contaria passagens da minha vida ao logo das três décadas de existência dela. Esse blog não vingou, escrevi uns quatro ou cinco textos e logo desisti da empreitada. Fiquei tão desgostoso com a minha incompetência em seguir em frente com o projeto que duraria apenas um ano, que deletei tudo e nem do nome da página me lembro mais. Mas quanto melhor eu achava que escrevia, mais vontade de me renovar eu tinha, então encerrei o Borboletas, que durou quatro anos, e comecei o Violetas Violáceas Violadas. Um tempo depois parei de escrever só pra mim e passei a colaborar com o Pop de Botequim, um blog de cultura e entretenimento. Em seguida, o mesmo criador do PdB reuniu seis colunistas para escrever sobre comportamento no Barba Feita, um novo blog onde falávamos do que quiséssemos, principalmente sobre comportamento. Mas o tesão naqueles projetos foi se esvaindo, e eu quis escrever sobre um tema que sempre gostei: novelas. Aí inventei o Lembra de Mim - Memórias Teledramatúrgicas do Esdras, onde escreveria só sobre teledramaturgia, e escrevi até novembro de 2018. Só agora, escrevendo isso, me dei conta que fui blogueiro - antes desse termo significar o que é hoje - por 10 anos ininterruptos.


Mas então veio essa pausa. Em 2019, virei criador de conteúdo no You Tube, e me encantei pela comunicação verbal, o que contribuiu para que eu deixasse um pouco de lado a escrita que sempre foi minha fiel companheira. E lá se vão cinco anos que eu não sento diante de uma tela em branco para escrever sobre o que me atravessa, para desabafar angústias e reflexões da vida, para transformar em contos ou crônicas o prosaico ou em poesia, o cotidiano. Parece que andei perdido, mas agora quero realinhar a órbita do meu planeta, voltar pro aconchego das palavras que tanto me confortam, escrever, escrever, escrever como um coração que não pode parar de bater, que andou fraco, mas precisa voltar a se exercitar pra respirar direito e viver cada vez melhor. Não quero nunca mais parar de me exercitar. Por isso, recomeço agora!