sexta-feira, 12 de abril de 2013

ZODÍACO

Regido pela soma das minhas escolhas e não pelos signos do zodíaco, lanço-me a exclusiva dedicação ao agora, este apertado espaço em que sozinho, saudade não arranja tempo para crescer, ou que sonhos recém-nascidos não alcançam velocidade para voar. O agora é lugar em que as dúvidas não servem das paixões para nos amadurecer, e onde jamais saberemos nome de qualquer fruto ou das nossas razões para existir. Por isso, aqui, impeço dores com ausências, faltas com vazios e corro das saudades por não cultivar memórias. Evito rugas na alma por não me permitir entre os sorrisos, chorar também. Assim, eu sou minhas estéreis e mudas certezas, pois nas inexatidões do amanhã que não habito, não sofro, porque não sinto. Talvez quando souber verdade de água, que se entrega aos contornos do tempo a se dessaber rio e se desaguar mar, eu venha a ter a sorte daquele que morre de Amor e arrisca ser feliz.

(texto de Guilherme Antunes do blog "A Ilha de Um Homem Só")

segunda-feira, 8 de abril de 2013

RAZÃO DE SER

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

(Paulo Leminski)

UM DOMINGO...






Uma angústia no peito. O plano era ficar em casa, escondido do mundo, tentando achar a solução pra um problema que parecia insolúvel, remoendo um leve desespero.

Um telefonema, com o convite de um amigo pra almoçar com ele, muda o rumo de um domingo fadado a uma triste solidão auto-imposta. Exito, afinal, quero ficar quieto, ouvindo o silêncio dos meus pensamentos, mas aceito o convite carinhoso.

Sou agraciado com uma macarronada deliciosa ao molho de frango, acompanhada de uma cervejinha esperta. Seria apenas um almoço, depois voltaria pra casa e pra minha angústia, que na verdade, ainda estava ali no peito, apenas distraída. Eis que surge um segundo convite, acompanhar o casal de amigos a um rápido passeio de carro pelo interior do estado. Exito mais uma vez, tenho telefonemas a dar, coisas da faculdade pra estudar..., apenas subterfúgios pra remoer a angústia insistente, sozinho, entre as quatro paredes do meu quarto branco. Mas a boa vontade dos dois em oferecer companhia, me deixa sem graça em recusar veementemente. Por que não? não conheço praticamente nada do interior paulista. Por que desperdiçar um domingo que se prenuncia tão agradável?

Caímos na estrada, e lá fomos nós rumo a Jacareí, eu, os dois amigos e minha angústia. Passamos na casa da tia de um deles, pra pegar um presente que ela preparou pro aniversário dos dois, com açúcar e com afeto: uma paçoca caseira que parecia saborosíssima e um bolo de amendoim divino que devoramos na estrada mesmo, sabor aconchegante e confortável que acalenta o coração. Adorei o lugar, clima de cidade pequena, sofisticação de cidade grande.

Próxima parada: Jarinú. Descemos no "point" da cidade, aquela velha igreja com uma praça ao redor, bem típica de cidades pequeníssimas, mas com uma bela panetterie em frente, onde comemos duas porções, de batatas fritas e frango à passarinho, acompanhados de mais uma cervejinha esperta, observando a rusticidade da vida simples do lugar e fazendo comentários divertidos.

Quase ao cair da noite partimos para Cajamar, passando por Jundiaí, onde seria nossa última parada antes da volta pra casa. No apartamento aconchegante de outro amigo do casal, tomamos a última cerveja do dia, falamos besteiras e então pegamos a estrada de volta à São Paulo. 

O tempo todo, eles se preocuparam em saber se eu estava gostando do passeio. Eu estava, mas aquela angústia que parecia diminuir ao decorrer do dia, não havia cessado e não me deixava externalizar de maneira efusiva toda a gostosura daqueles momentos.

Já em casa, com meu melhor amigo, desabafei minha angústia. Carinhoso e preocupado, ele solucionou uma parte do problema que me angustiava. Um pouco mais aliviado, tomamos um café, vimos um pouco de televisão e assistimos um filme adorável.

Ao despedir-me do amigo querido, terminei o dia com uma certeza: não se deve deixar que as angústias tomem conta do nosso ser, há que se ser mais poderoso que elas por maiores e mais insolúveis que possam parecer, não deixá-las dominar-nos. Porque elas sempre passam, mas um domingo como esse, permanece eterno na memória.     

sábado, 6 de abril de 2013

ABRINDO OS TRABALHOS

Eis a primeira postagem do meu mais novo espaço de reflexões, desabafos, dicas culturais, memórias, contos e utopias.

Pra quem já me conhece, esse blog marca uma nova fase. O estilo permanece o mesmo, mas a visão e percepção de mundo está um pouco diferente, mais aguçada e realista, mas sem perder a ternura e o romantismo natos desse meu coração febril. Aos que ainda não me conhecem, sejam bem-vindos, e se estão a procura de uma leitura leve e gostosa, mas com conteúdo, esse é o lugar.

Grande abraço a todos e até...