sábado, 8 de junho de 2013

DAS MÃOS






Era um homem bonito. Moreno claro, alto, cabelos curtos pretos, barba bem desenhada, mas a primeira coisa que me chamou a atenção nele foram as mãos, antes mesmo de olhar seu rosto e perceber um olhar distante e perdido no nada, foi nas mãos que reparei. E que mãos! Não consegui mais parar de olhá-las até que ele saísse do meu campo de visão.

Enquanto estivemos próximos, tentei reparar em todos os detalhes. Sua aparência era serena e me transmitia calma. Eu olhava seu rosto, seu porte físico e aquele olhar perdido que já falei, mas suas mãos roubavam minha atenção como um imã atraindo metais. Elas eram grandes, bem cuidadas, de unhas curtas com uma fina lasca de cor branca condensada, que não são roídas, mas delicadamente aparadas. Pareciam tão macias, mãos de homem que nunca pegou no pesado, mas firmes, envolventes, de dedos longos, quase sem acessórios, apenas um anel grosso prateado com desenhos que lembravam raízes entrelaçadas em relevo, no polegar esquerdo.

Eu queria me concentrar no seu rosto, naquele olhar, tentar decifrar algo daquela retina distante amendoada, mas as mãos já tinham me hipnotizado irremediavelmente, àquela altura meu maior desejo já não era mais desvendar sua alma, mas ter meu corpo desvendado por suas mãos. Devaneei doces indecências. O que suas mãos seriam capazes de fazer comigo, mais do que qualquer outra parte do seu corpo. 

Massageou minhas costas nuas, deixando-me relaxado de tal forma que até minha respiração fluiu mais pura. Puxou meu cabelo pela nuca com a mão esquerda, espalmou minha face de leve com a direita percorrendo com a ponta dos dedos meu peito, massageando meus mamilos entumecidos. Pôs seus longos dedos em minha boca, primeiro o médio, depois o indicador, por último o anelar, movimentando-os suavemente pra frente e pra trás num ritmo regular. Com a outra agarrava minha barriga como se fizesse uma drenagem linfática poderosa, me proporcionando um misto de dor e prazer. Percebendo que já havia me levado a loucura de diversas formas, deu o golpe de misericórdia, tirou seus dedos todos babados de minha boca e num movimento brusco enfiou-os por trás, antes que eu pudesse pensar, desceu a mão esquerda até meu membro e acariciou meu sexo delicadamente.

Em fração de segundos, imaginei o melhor sexo que já tive na vida, pensando apenas nas mãos daquele homem que vi ali, uma única vez, sentado no café daquela livraria, tomando seu capuccino e folheando um exemplar da revista "Alfa".

Um comentário:

  1. Esdras!!!
    Que lado mais (suspiro) safado da tua escrita acabei de degustar!!! Essa frase "àquela altura meu maior desejo já não era mais desvendar sua alma, mas ter meu corpo desvendado por suas mãos." Achei simplesmente maravilhosa!!
    Continue com essa inspiração...
    Com essa imaginação que exala na tua escrita e envolve com prazer os olhos e mentes de quem te lê!!(essa minha ultima frase teve duplo sentido).
    Entendeu!!??
    ;)

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