quinta-feira, 10 de julho de 2014

O QUE A GENTE TINHA



Das poucas coisas que foram realmente nossas. Daqueles momentos que nada nem ninguém pode nos tirar. Tenho sua primeira imagem, todo de negro, na esquina daquela empresa, onde faríamos a mesma entrevista de emprego. Seu olhar sorrateiro e disfarçado. O impacto de ouvir sua voz pela primeira vez.

O sabor das media-lunas argentinas. O filme Minha Vida Sem Mim. A canção de Ney Matogrosso, aquela que você amava, e que eu passei a amar por sua causa. O best-seller de Dan Brown. O Segredo de Brokeback Mountain. 

Nossa primeira conversa a sós, olhos nos olhos, num final de tarde no Parcão. A corrente elétrica que percorria meu corpo com um simples aperto de mãos. As histórias de suas viagens como comissário de bordo. O dia em que me revelou seu maior segredo. 

A promessa de um beijo não consumado. A emoção de reencontrá-lo depois de ter decidido sair da sua vida pra não atrapalhar seu relacionamento, e esse reencontro ter partido de você, que fez questão de me abraçar pelo meu aniversário dois dias depois, porque no dia não teve como ligar, mas não esqueceu a data, e aquele abraço foi o mais mágico de todos que eu já ganhei na vida. E naquele momento, eu transbordei.

E tantos íntimos olhares, toques tímidos, palavras pela metade, desejos sufocados, declarações não feitas. Você sabia do meu amor, e eu sabia que você sabia. E o que tínhamos era isso, um acordo tácito. Um sentimento que não se verbalizava. Um romântico silêncio que dizia, que um dia, poderíamos ser mais do que amigos, mas nunca fomos.

O que a gente tinha era ar, suspiros, devaneios, bolhas de sabão. Essas coisas que não são palpáveis, mas que se guarda pra sempre no coração. 

Um comentário:

  1. Esses "beijos não consumados" - ou não beijados - são sempre um problema... hehe! Hugzão e ótimo fds!

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