quinta-feira, 17 de julho de 2014
DOCES
Às 03h:30 da manhã de um sábado pra domingo qualquer, a garota deprimida e acima do peso, com complexo de inferioridade, se afunda numa panela de brigadeiro em frente à televisão, enquanto assiste comédia romântica. A outra garota, gostosa e super produzida, arrasa na pista de dança da balada, enlouquecida, enquanto se entope com suas balinhas coloridas. Em comum, as duas tem a solidão.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
O QUE ACHEI DA ESTREIA DE "O REBU"
A nova novela das 11 já começou toda trabalhada no mistério, como já imaginávamos e como anunciavam as chamadas, mas pra conferir um ar misterioso à trama, achei que a produção exagerou nas cores escuras demais, a fim de dar um tom soturno a releitura da história de Bráulio Pedroso, escrita por George Moura e Sergio Goldenberg.
Fora essa ressalva, o capítulo de estreia do remake de 1974, foi mais curto do que o esperado. Anunciado como capítulo especial, começou logo após Em Família, e esperava-se que fosse mais longo. O assassinado é revelado logo de cara - o que na primeira versão demorou mais de 50 capítulos pra acontecer, já que um dos mistérios era o "quem morreu?" - , ele é Bruno (Daniel Oliveira), pivô de muitos mistérios e da paixão de duas mulheres opostas: Duda (Sophie Charlotte) e Gilda (Cássia Kis Magro). Seu corpo é encontrado boiando na piscina, durante a luxuosa festa na casa da empresária Ângela Mahler (Patrícia Pillar), um verdadeiro ninho de cobras, onde tudo não passa de um grande jogo de interesses entre os convivas.
O enredo que se passa todo durante a festa, é interferido por flashbacks que mostram as relações entre os personagens antes da grande comemoração. Relações essas, que em sua maioria envolvem os negócios entre os sócios Ângela e Carlos Braga (Tony Ramos), tudo muito nebuloso, assim como Alain (Jesuíta Barbosa), um penetra que sai da festa, rouba uma moto e aparentemente não tem abolutamente nada a ver com os demais convidados. Oswaldo (Júlio Andrade), é outro personagem misterioso num capítulo que pouquíssimo revelou.
Esse primeiro capítulo teve ainda, Sophie Charlotte soltando a voz na festa, com a canção de Roberto Carlos Sua Estupidez. Voz afinada e bonita, figurino idem, mas ainda não consegui gostar de seu corte Joãozinho, que acho chique e moderno, mas nela, acho que não ficou muito bem.
O casting de O Rebu é bárbaro, e os destaques da estreia foram Cássia Kis e Patrícia Pillar. Outros elementos também chamaram a atenção pelo ar de requinte que deram a trama: a elegante abertura e a caprichada trilha-sonora com músicas de Amy Whinehouse e New Order. O que foi também uma sacada bem bacana, é que durante a festa os convidados fazem selfies e postam nas redes sociais as fotos com comentários sobre o evento, o que deixa tudo bastante real e inovador, mesmo em tempos de Geração Brasil.
Acusada de careta, por não abordar de maneira escancarada a relação homossexual que era insinuada na primeira versão entre os protagonistas, O Rebu será recheada de cenas picantes, que já tiveram uma prévia logo no início, e encerrou seu primeiro capítulo com um atirador misterioso mirando e a disparando em direção à janela do quarto de Ângela Mahler.
Sem nada de muito impactante, além do que todos já esperavam na estreia, O Rebu parece ser uma boa pedida para os que curtem uma história de suspense, e se seguir a mesma qualidade de O Canto da Sereia e Amores Roubados, trabalhos anteriores dos responsáveis pela nova novela das 11, será um ótimo entretenimento para o fim de noite.
quinta-feira, 10 de julho de 2014
O QUE A GENTE TINHA
O sabor das media-lunas argentinas. O filme Minha Vida Sem Mim. A canção de Ney Matogrosso, aquela que você amava, e que eu passei a amar por sua causa. O best-seller de Dan Brown. O Segredo de Brokeback Mountain.
Nossa primeira conversa a sós, olhos nos olhos, num final de tarde no Parcão. A corrente elétrica que percorria meu corpo com um simples aperto de mãos. As histórias de suas viagens como comissário de bordo. O dia em que me revelou seu maior segredo.
A promessa de um beijo não consumado. A emoção de reencontrá-lo depois de ter decidido sair da sua vida pra não atrapalhar seu relacionamento, e esse reencontro ter partido de você, que fez questão de me abraçar pelo meu aniversário dois dias depois, porque no dia não teve como ligar, mas não esqueceu a data, e aquele abraço foi o mais mágico de todos que eu já ganhei na vida. E naquele momento, eu transbordei.
E tantos íntimos olhares, toques tímidos, palavras pela metade, desejos sufocados, declarações não feitas. Você sabia do meu amor, e eu sabia que você sabia. E o que tínhamos era isso, um acordo tácito. Um sentimento que não se verbalizava. Um romântico silêncio que dizia, que um dia, poderíamos ser mais do que amigos, mas nunca fomos.
O que a gente tinha era ar, suspiros, devaneios, bolhas de sabão. Essas coisas que não são palpáveis, mas que se guarda pra sempre no coração.
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