segunda-feira, 8 de abril de 2013

UM DOMINGO...






Uma angústia no peito. O plano era ficar em casa, escondido do mundo, tentando achar a solução pra um problema que parecia insolúvel, remoendo um leve desespero.

Um telefonema, com o convite de um amigo pra almoçar com ele, muda o rumo de um domingo fadado a uma triste solidão auto-imposta. Exito, afinal, quero ficar quieto, ouvindo o silêncio dos meus pensamentos, mas aceito o convite carinhoso.

Sou agraciado com uma macarronada deliciosa ao molho de frango, acompanhada de uma cervejinha esperta. Seria apenas um almoço, depois voltaria pra casa e pra minha angústia, que na verdade, ainda estava ali no peito, apenas distraída. Eis que surge um segundo convite, acompanhar o casal de amigos a um rápido passeio de carro pelo interior do estado. Exito mais uma vez, tenho telefonemas a dar, coisas da faculdade pra estudar..., apenas subterfúgios pra remoer a angústia insistente, sozinho, entre as quatro paredes do meu quarto branco. Mas a boa vontade dos dois em oferecer companhia, me deixa sem graça em recusar veementemente. Por que não? não conheço praticamente nada do interior paulista. Por que desperdiçar um domingo que se prenuncia tão agradável?

Caímos na estrada, e lá fomos nós rumo a Jacareí, eu, os dois amigos e minha angústia. Passamos na casa da tia de um deles, pra pegar um presente que ela preparou pro aniversário dos dois, com açúcar e com afeto: uma paçoca caseira que parecia saborosíssima e um bolo de amendoim divino que devoramos na estrada mesmo, sabor aconchegante e confortável que acalenta o coração. Adorei o lugar, clima de cidade pequena, sofisticação de cidade grande.

Próxima parada: Jarinú. Descemos no "point" da cidade, aquela velha igreja com uma praça ao redor, bem típica de cidades pequeníssimas, mas com uma bela panetterie em frente, onde comemos duas porções, de batatas fritas e frango à passarinho, acompanhados de mais uma cervejinha esperta, observando a rusticidade da vida simples do lugar e fazendo comentários divertidos.

Quase ao cair da noite partimos para Cajamar, passando por Jundiaí, onde seria nossa última parada antes da volta pra casa. No apartamento aconchegante de outro amigo do casal, tomamos a última cerveja do dia, falamos besteiras e então pegamos a estrada de volta à São Paulo. 

O tempo todo, eles se preocuparam em saber se eu estava gostando do passeio. Eu estava, mas aquela angústia que parecia diminuir ao decorrer do dia, não havia cessado e não me deixava externalizar de maneira efusiva toda a gostosura daqueles momentos.

Já em casa, com meu melhor amigo, desabafei minha angústia. Carinhoso e preocupado, ele solucionou uma parte do problema que me angustiava. Um pouco mais aliviado, tomamos um café, vimos um pouco de televisão e assistimos um filme adorável.

Ao despedir-me do amigo querido, terminei o dia com uma certeza: não se deve deixar que as angústias tomem conta do nosso ser, há que se ser mais poderoso que elas por maiores e mais insolúveis que possam parecer, não deixá-las dominar-nos. Porque elas sempre passam, mas um domingo como esse, permanece eterno na memória.     

Um comentário:

  1. Enquanto lia...fiquei refletindo exatamente como você...as angústias e desabores passam!
    Elas são insistentes,pertubadoras,são intrusos nada bem vindos que se instalam de uma hora pra outra...e o pior,não tem hora pra chegar....muito menos para sair!
    Mas ainda bem que existe uma força maior...e é ela quem prevalece.
    Falo do nosso desejo desesperado de que tudo melhore!Passe e fique bem...Difícil? Com certeza...mais depois de um domingo como esse,com amigos e lugares gostosos,paisagens diferentes...sabemos que é possível sim!E que é por isso que se vale a pena viver!E continuar...

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