sexta-feira, 24 de maio de 2013

SHOW: ÂNGELA RO RO


Foram três horas de uma madrugada fria na fila imensa que se formou em frente ao Teatro Municipal, para assistir a um dos ícones da mpb em show intimista, mas valeu a pena. Ângela Ro Ro reinou absoluta no palco de um dos teatros mais bonitos do Brasil. Transbordando simpatia e bom-humor em uma hora e meia ela desfiou seu belo repertório romântico e depressivo do álbum de 1979. 

Ângela emocionou do começo ao fim, abrindo o show com a belíssima GOTA DE SANGUE ao piano e seguindo com tantas outras maravilhas como TOLA FOI VOCÊ e a deliciosa CHEIRANDO A AMOR, fechando com a clássica AMOR MEU GRANDE AMOR sempre acompanhada de três músicos fantásticos que deram ao show um brilho extra e muito especial com arranjos perfeitos. Só senti falta de CHANCE DE AMAR, uma de minhas canções preferidas que infelizmente não faz parte desse álbum.

Além de sua voz límpida e potente, Ângela deu um bônus aos seus fãs durante todo o show, brindando-nos com rápidas, curiosas e divertidas histórias na introdução de cada nova música, fora suas piadas e brincadeiras corrosivas e irresistíveis, com seu jeitão despachado e sem papas na língua, ouviu-se pérolas maravilhosas saídas de sua boca.

O show aconteceu durante a Virada Cultural de São Paulo, e justamente por isso o público não estava tão seletivo quanto deveria. Pessoas completamente sem noção e pouquíssimo senso de educação gritavam, chamando a artista de gostosa o tempo todo, interrompendo o espetáculo e incomodando profundamente os verdadeiros admiradores da cantora. A coisa ficou insuportável a tal ponto, que nem a própria suportou e soltou com toda a classe e bom-humor,um pedido pra que parassem de chamá-la de gostosa.

Tirando esses detalhes desagradáveis, que impediram que o show fosse perfeito, saí do teatro as 04:30 da manhã e voltei caminhando pra casa empapussado de amor, como na canção de Rita Lee, outra diva da mpb. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

SOBRE ALIANÇAS E FETICHES



Andei pensando sobre dois assuntos essa semana que passou, ideias que ficaram dançando na minha cabeça, me fazendo divagar. Coisa corriqueira, nada demais, mas me deu uma vontade de escrever sobre elas.

O primeiro, é sobre alianças. Essa argolinha miúda, que pessoas comprometidas usam nos dedos como símbolo de uma relação, de um compromisso, de um laço. Na verdade o que me chamou a atenção e me fez começar a divagar foi a espessura do acessório. O que também acabou me levando a questões como: será que a aliança não se tornou já a algum tempo mais um objeto banal, que as pessoas utilizam ao primeiro sinal de estarem juntas a alguém, por mais de três meses? Qual a verdadeira importância desse símbolo nos dias de hoje, sendo que tem casais que nem sequer as usam?

Nos primeiros 23 anos de casamento, meus pais usavam alianças finas banhadas à ouro, então, desde que comecei a entender um pouco as coisas acreditava que todos os modelos de aliança eram únicos, finas e douradas. Estas ficaram em meu subconsciente por muito tempo como a representação de casamento, união e solidez. Quando meus pais resolveram comprar alianças novas, a espessura ficou mais grossa e era cravejada com strass. Muito bonita, mas fiquei com uma estranha sensação de que o significado daquela união havia mudado de alguma forma.

Depois de descobrir que alianças não tinham modelos exclusivos, presenciei um desfile delas ao longo dos anos, até hoje. Finas, grossas, muito grossas, muito finas, douradas, prateadas, de ouro amarelo, de ouro branco, de casamento, de noivado, compromisso e até quadrada. 

Com tantas opções de modelos e significados além de noivado e casamento, pra mim particularmente, este objeto tornou-se uma coisa banal. Sempre respeitei e levei muito a sério pessoas com aliança, independente de seu modelo e da percepção de aparente banalização, mas à alguns dias atrás ao observar um homem jovem, bonito e simpático com uma fina aliança na mão esquerda, muito parecida com aquelas que meus pais usavam, lá no início do casamento nos primeiros 23 anos e que hoje em dia é tão raro ver, tive uma sensação agradável, reconfortante. O rapaz me passou a impressão de ser muito mais maduro e sério do que a maioria das pessoas comprometidas nos dias de hoje, de ter um relacionamento seguro, sólido, cheio de cumplicidade, lealdade, fidelidade e leveza. Não parecia carregar um peso nas costas, o peso do casamento que tantos falam e reclamam, e nem precisar esfregar na cara de ninguém com uma aliança ostentosa que é um homem comprometido, o que pra mim é demonstração de insegurança e falta de confiança no próprio taco, sem contar o exibicionismo tão pouco elegante.

Claro que isso tudo são apenas opiniões e percepções pessoais sobre algo absolutamente cotidiano, que tantas vezes passa despercebido, mas me chamou tanto a atenção nesses últimos dias que divaguei.

Só pra constar, após a troca de alianças finas e comuns por grossas e brilhantes, o casamento de meus pais durou apenas mais nove anos, somando um total de 32. Teria durado mais se continuassem com as alianças velhinhas?


O outro tema que ficou me martelando a cabeça são os fetiches que a gente tem. Não adianta negar, todos temos ao menos um que seja, e eles são diversos, inúmeros, variados, infindáveis.

Eu tenho três que me tiram do sério: aparelho dental, tatuagem e pelos. 

Atendi no trabalho um homem bonito dia desses, mas foi ao perceber o brilho metálico vindo de dentro de sua boca, que fiquei hipnotizado pelo sujeito. Às vezes, o homem é feio, gordo, sem graça, mas se tiver uma tatuagem, já começa a me parecer interessante, agora, se for peludo, aí eu enlouqueço, saio de mim, perco a noção. Não me pergunte como me sinto se a pessoa possuir os três itens de uma só vez, porque ainda não dei de cara com um sujeito desses, mas se acontecer acho que terei orgasmos epiteliais. Coisa mais louca, credo! Mas fetiches, são fetiches, acho até que Freud explica, mas quem precisa delas (as explicações) quando se trata de pele, química, desejo? Estando bom para ambas as partes, vamos que vamos.

Ainda tem gente que adoro pé, mãos grandes, mãos pequenas, nariz, cheiros, chicotes, algemas, velas, músculos, peitos depilados, comida... xiii, acho melhor parar por aqui porque o post vai ficar longo demais, o desejo humano é plural, múltiplo e por vezes assustador.

Já ia esquecendo, tem gente que pira numa aliança, não pode ver um homem/mulher compromissado(a) que cai matando, independente do modelo.       

segunda-feira, 6 de maio de 2013

"SANGUE BOM" = NOVELA BOA


Amo novelas leves, coloridas e despretensiosas! E foi exatamente essa a definição que o diretor Dennis Carvalho deu a Sangue Bom, o atual cartaz das sete, no ar desde a segunda-feira passada, 29/04. Acompanhei todos os capítulos desta primeira semana e posso afirmar que era uma novela como essa que eu ansiava desde Ti Ti Ti em 2010, não por acaso de autoria dos mesmos da nova das sete, a fantástica e encantadora Maria Adelaide Amaral e o novato Vincent Villari.

Sangue Bom tem todos os elementos de uma boa novela e é perfeita para o horário. Pra quem gosta do gênero, é impossível não ser fisgado logo de cara. Enredo, ambientação, elenco, figurino, texto, trilha sonora, tudo funciona às mil maravilhas. Ainda assim, minha visão crítico/analítica, percebe alguns pequeníssimos defeitos. Nada que comprometa a obra obviamente, apenas gosto pessoal, uma coisinha ou outra que não estaria ali se fosse uma novela minha, como a escalação de alguns atores, por exemplo.

Giulia Gam é uma senhora atriz, já provou isso em diversos trabalhos e eu gosto muito, particularmente. Entre seus trabalhos recentes destaco a D. Bruna de Ti Ti Ti, que me surpreendeu positivamente. Como a perua e atriz decadente Bárbara Ellen, Giulia está se saindo muito bem sem sombra de dúvidas, porém fico com uma estranha sensação toda vez a vejo em cena, que outra atriz ficaria muito melhor nesse papel, alguma atriz mais tarimbada em comédia. A primeira que me veio a cabeça ao pensar nisso, foi Cláudia Raia, cairia como uma luva Bárbara Ellen em suas mãos, porém, depois do furacão Jaqueline Maldonado (Ti Ti Ti outra vez), ficaria repetitivo. Então, pensando mais um pouco, acho que Débora Bloch e Andréa Beltrão também arrasariam. De qualquer forma Bárbara Ellen tem tiradas incríveis e divertidíssimas, que lembram muito as de Jaqueline na outra novela, faço votos que ela arrase tanto quanto a segunda e atinja sucesso igual ou maior.

Três atores me incomodam nessa ótima estória: Wandi Doratioto, ator de voz irritante, conhecido pelos comerciais que faz na tv, interpreta Nestor, pai da personagem de Regiane Alves (Renata). Contracena com duas ótimas atrizes, Regiane e Cris Nicolotti, só por isso Nestor merecia cair nas mãos de um ator menos chato. Outro que não me desce é o pseudo-ator com cara de marginal Rômulo Arantes Neto, que faz o Tito. O garoto tenta interpretar o mesmo papel que já fez em todos os trabalhos que participou e ainda por cima vai conquistar a Regiane Alves? Que vai trocar seu noivo todo certinho Érico (Armando Babaioff) por um cara com a maior pinta de malandro? Será que é só pra constatar que é dos cafajestes que elas gostam mais? Mas a pergunta que não quer calar, com tantos atores carismáticos e talentosos na casa, por que raios tiraram esse sujeito da "Recópia"? Lá era o lugar perfeito pra ele. Não gostei. Já o terceiro elemento que a meu ver não tem a mínima graça, é o tio Lili, que ganha vida através do ótimo Edwin Luisi, que não parece tão ótimo assim ao interpretar um estereótipo dele mesmo, uma bicha velha cabeleireira, afetada e boazinha. O que poderia ser divertido e um desafio para outro ator que não fosse tão evidentemente gay, ficou com ranço de requentado e mais do mesmo na interpretação de Edwin.

Como já disse são apenas alguns pequenos defeitos que não chegam a comprometer a obra em si, que nos oferece dezenas de outros motivos para celebrá-la e prestigiá-la. Como o sexteto jovem de protagonistas, em ótima sintonia. Marco Pigossi, lindo como um anjo na pele do herói romântico e apaixonado Bento, arranca suspiros, com sua bondade e firmeza de caráter. Sophie Charlotte, que com seu jeito de menina meiga consegue provocar sentimentos contraditórios como pena e antipatia, ainda vai dar o que falar e causar muitas controvérsias com sua Amora Campana. Jayme Matarazzo, apesar da carinha de menino passa mais segurança e madureza do que aparenta, com seu correto Maurício e parece que ainda vai surpreender. Fernanda Vasconcelos é a que menos gosto, mas não dá pra deixar de reconhecer que faz sua Malu com garra e vontade. Humberto Carrão é o vilãozinho da turma e Fabinho ainda vai aprontar muito, deixando muita gente revoltada e furiosa, mas é impossível não olhar pr'aquele jeitinho de menino abandonado e acreditar em sua redenção. E Isabelle Drummond, que com sua beleza suave de menina marota convence muito bem na pele da garota cheia de marra, meio masculinizada e dona de um dilacerante amor platônico por Bento, Giane. Esses seis juntos ainda vão provocar muitas emoções nos corações dos telespectadores ávidos por sentimentos e situações que os faça torcer, vibrar e se apaixonar.

Pra finalizar não poderia deixar de citar outros nomes que merecem destaque no elenco. Minha sempre maravilhosa Malu Mader, num papel popular e apaixonante; Felipe Camargo, que parece que vai arrasar ao lado de Malu; Letícia Sabatella, suave e encantadora; Marisa Orth, sempre engraçada; Íngrid Guimarães, que promete com sua hilária Tina; Herson Capri, num papel essencialmente do bem; Debora Evelyn, me parece que vai roubar a cena com seu drama do filho perdido. E tantos outros nomes que no momento certo roubaram a cena e nos deleitaram ao longo dos próximos 6 ou 7 meses, sempre embalados por uma trilha perfeita e empolgante,encabeçada pelo tema internacional Ho Hey (The Lumineers).

E se toda forma de amar vale a pena, vamos assistir e celebrar Sangue Bom!     

quinta-feira, 2 de maio de 2013

TEATRO: "ESTA CRIANÇA"


Fui ao Sesc Consolação comprar o ingresso pra peça "O Desaparecimento do Elefante" com Marjorie Estiano, Caco Ciocler e grande elenco. Como a lotação estava esgotada pra sessão que eu queria, troquei sem pestanejar o elefante pela criança. "Esta Criança", peça com elenco pequeno de 4 atores, protagonizada por Renata Sorrah ainda tinha alguns assentos vagos. A possibilidade de ver uma de minhas grandes divas da tv, ao vivo e em cores, num drama que fala da relação, por tantas vezes delicada entre pais e filhos, me causou "frisson". Embora chateado por não conseguir prestigiar a tão elogiada montagem de "O desaparecimento...", baseada em textos do escritor japonês Haruki Murakami, saí satisfeito pela certeza de que veria uma grandiosa atriz em cena. A princípio, tive receio de que a peça fosse chata, enfadonha, mas mesmo que fosse, só o fato de assistir Renata em cena, bem de perto, valeria muito a pena, afinal, era a alcoólatra Heleninha Roitman, a dura na queda Pilar Batista, a amorosa Natália Proença, a cafetina Zenilda, a doidivana Raquel, a médica Daniele Fraser e a eterna raposa felpuda, gostosa pra caramba, pegadeira e sequestradora de criancinhas Nazaré Tedesco. Como não amar e cair de joelhos diante de tanto talento?

O texto do dramaturgo francês Joël Pommerat não tem nada de chato nem enfadonho, pelo contrário, é um deleite. São dez cenas, dez situações, fragmentos de relações familiares. A reunião de cenas traz questões como pedofilia, morte, abandono, desprezo, indiferença, vistas sempre pela ótica de pais e filhos. 

As cenas mais marcantes pra mim são a da mãe (Renata) que molesta o filho de 10 anos (Ranieri Gonzales), os atores não se tocam em nenhum momento, mas o diálogo é de arrepiar, algo realmente incômodo e perturbador. A da mãe que vai reconhecer o corpo do filho no IML, drama e humor conduzido magistralmente por Renata. E a cena que abre o espetáculo, um monólogo de Renata cheio de tristeza, mágoa, angústia e esperança sobre o filho que está prestes a nascer.

Além da excepcional Renata Sorrah, que é uma força da natureza com aquela voz rouca e sorriso contagiante e Ranieri Gonzales, o elenco conta ainda com os atores Giovana Soar e Edson Rocha, também muito bons. Com direção de Márcio Abreu, o espetáculo está em cartaz de sexta à domingo, até 09 de junho, no teatro Sesc Vila Mariana.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

AQUELAS COISAS TODAS...






Aquelas sessões de cinema, e a gente sonhando...

Aqueles romances, lidos no silêncio do quarto, trancado a sete chaves, entre soluços e suspiros, e a gente sonhando...

As horas da madrugada passadas na janela, idealizando fantasias, e a gente sonhando...

Aquelas refeições deliciosas, as bebidas saborosas embalando risadas, piadas, planos, e a gente sonhando...

Aquelas luzes decorando a cidade no natal, e a gente sonhando...

Aquelas canções transcendentais acompanhadas de uma taça de vinho, e a gente sonhando...  

Aquelas tardes e noites na praia, tomando sol em frente ao mar, sentindo a brisa suave e pisando a areia fofa e úmida, e a gente sonhando...

Aqueles passeios no parque, o verde, os cisnes, o chimarrão, o ar puro, e a gente sonhando...

Aquelas brincadeiras, os jogos de cartas, de tabuleiro de dominó... Uma competição saudável, leve, divertida, e a gente sonhando...

Aquelas excursões, os piqueniques, luaus, e a gente sonhando...

Aquelas cavalgadas em meio a relva, o vento batendo na cara, e a gente sonhando...

Aquelas trocas de olhares, os beijos escondidos, o corpo trêmulo, o coração palpitando, e a gente sonhando...

 Aquela cumplicidade infinita, a vida toda pela frente, e a gente sonhando...

A vida adulta, as responsabilidades, contas à pagar, dividas, privações, distância, saudade, carência, e a gente vivendo a realidade...